domingo, 8 de março de 2009

Um pouco de expressionismo.

Antes de tudo, devo lembrar que este artigo foi escrito por um 'pintor de domingo'. Vou me arriscar a falar de um movimento que me chamou muito a atenção logo que comecei a pintar.


O movimento expressionista surge como uma ruptura do movimento impressionista. Começa com algo que podemos chamar de pós-impressionismo, que vemos nos quadros do Van Gogh. Ainda é uma reprodução da realidade, mas sem a fidelidade de imagem e cores do romantismo e do impressionismo. As cores deixam de ser tão fiéis à realidade, os traços distorcidos passam a valorizar e projetar a expressão.
O pós-impressionismo evolui para o que chamamos de expressionismo. Neste, os quadros passam a abordar temas pesados como o sofrimento e a angústia humana. Utiliza-se uma imagem visual que nos remete a uma realidade interior.

Um dos grandes nomes deste movimento é Edward Munch, autor do quadro que podemos considerar o ícone do movimento, `Skrik` (noruegues) ou `O grito`(1893). Nele podemos ver claramente as características básicas do movimento como cores fortes, sem necessariamente condizer com a realidade, e distorções nas imagens ampliando a expressão do personagem.

Uma outra grande obra do Munch, que eu particularmente adoro é `Puberdade`. Neste quadro, a expressão da garota fala por ele. Timidez, repressão, vergonha, uma sombra exagerada... Entretanto, na minha opinão, a grande obra de Munch é a Madonna. Sobre ela vou dedicar um post completo.


No Brasil, o movimento expressionista comeca com Lasar Segall, pintor e escultor lituano que apresentou pela primeira vez a arte expressionista no território brasileiro, em 1913, numa exposicão individual em São Paulo e em Campinas. Ninguém entendeu o que ele fez ! Nem a crítica, muito menos o publico. Coube a Anita Malfatti que já conhecia o expressionismo das suas viagens de estudo à Alemanha e Estados Unidos, despertar para o público essa novidade na expressão artística na sua segunda exposição individual, em 1917. Sua obra foi recebida inicialmente pela crítica com grande desconfiança. Com um forte colorido e contrariando totalmente a pintura acadêmica, ela gerou acirradas discussões e controvérsias.
Em 14 de dezembro, o Correio Paulistano num trecho comentava:

"A exposição da senhorita Malfatti, toda ela de pintura moderna, apresenta um aspecto original e bizarro, desde a disposição dos quadros aos motivos tratados em cada um deles."

Nesta época Monteiro Lobato, famoso pelo seu conservadorismo e preconceito, lançou na imprensa uma crônica intitulada `A propósito da exposição Malfatti`. Nela o escritor comparava a pintura de Anita à dos loucos ou mistificadores.

"Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura... Se Anita retrata uma senhora com cabelos geometricamente verdes e amarelos, ela se deixou influenciar pela extravagância de Picasso e companhia - a tal chamada arte moderna..".

Foi bastante cruel com a jovem pintora, mas sem querer provocou a reação de jovens intelectuais em defesa de Anita e o nascimento do movimento modernista no Brasil. Nesta época, por volta de 1910, o movimento cubista começava a nascer. No quadro de Anita ao lado `A mulher de cabelos verdes` podemos observar, além de alguns aspectos expressionistas, uma grande influência do cubismo.

E o expressionismo não ficou somente nas telas, atingiu o cinema, teatro, arquitetura, música e literatura. Na literatura podemos observar a influência do expressionismo nas obras de Kafka, 'A metamorfose' é um exemplo. No cinema temos como exemplo o filme Nosferatu, a Symphony of Horror (1922).



Referencias:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lasar_Segall
http://pt.wikipedia.org/wiki/Expressionismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Malfatti

Leia Mais…
 
BlogBlogs.Com.Br