Um físico e um matemático depois de um teatro psicodélico, algumas cervejas num bar agradável e uma brisa fria de frente a imagem de uma bela represa. Tal foi o cenário do último sábado, quando conversamos um bocado eu e o Marcelo após o FIT (Festival Internacional de Teatro de S. J. Rio Preto). E como não poderia faltar numa conversa de sábado a noite, depois de algum tempo estávamos falando sobre ciência, cosmo, realidade, filosofia, pseudociência, vida extraterreste, etc.
Engraçado pensar que, embora cresçamos, sejamos capazes de elaborar melhores perguntas e formulemos para estas melhores respostas, as questões que nos intrigam continuam as mesmas, embora as vezes tentamos intelectualizá-las para disfarçar nossa ignorância. Apensar disso, mais uma vez, eu e o Marcelo fizemos aquela conta probabilística da possibilidade de existir vida fora da terra. Acho que muita gente já fez, mas para quem ainda não fez (a conta), certamente se impressionará com ela.
Pois bem, vamos lá. Os números são assustadores, e não vou colocá-los todos aqui, só o que precisamos (estou usando como referência o site do Observatório Astronômico Frei Rosário, da UFMG). A Via Láctea, nossa galáxia, é uma galáxia de tamanho médio, e possui algo entre 200 bilhões e 500 bilhões de estrelas. Ora, é natural se esperar que em torno de cada uma dessas estrelas orbitem planetas, com as mais variadas condições físicas, atmosféricas, químicas e biológicas. Se pensamos que cada uma dessas estrelas tem em média dez planetas e consideramos (de forma muito pessimista) que existem “apenas” 200 bilhões de estrelas na Via Láctea, chegamos ao resultado de 2 trilhões de planetas!! E estamos falando apenas da Via Láctea!
Continuando as contas nesse sentido, se usamos agora o fato de existirem, pelo menos, 1500 bilhões de galáxias, e consideramos que cada uma tem em média (como na Via Láctea) 200 bilhões de estrelas, cada uma sendo orbitada por dez planetas, o total será de dois trilhões vezes 1500 bilhões de planetas. Ou seja, fazendo as contas “por baixo”, existem 3.000.000.000.000.000.000.000.000 de planetas no universo (eu confesso que não sei como se “pronuncia” esse número). E é claro que isso é apenas o que podemos estimar com algum grau de segurança, e os cientistas apostam que existem muito mais que isso. Na verdade, se o universo for infinito, devem existir infinitos planetas no cosmo, embora esta idéia nos faça, literalmente, perder o chão. Deixemos esse papo para outra oportunidade.
Agora, se supomos que em cada bilhão de planetas apenas um tenha condições de existir vida (o que, para mim, parece ser uma estimativa bem grosseira), no sentido de ter as mesmas condições da Terra, reduzimos o número de planetas com possível presença de vida para 3.000.000.000.000.000. Se, por fim, consideramos que a vida se desenvolva em apenas um de cada um bilhão destes planetas, serão 3.000.000 planetas com vida no cosmo (três milhões!). É claro que não sou a melhor pessoa para falar disso, e certamente qualquer outra pessoa faria suas contas usando números diferentes dos meus; sou matemático, não astrofísico, e meu objetivo é apenas brincar com os números para mostrar que, matematicamente, pode-se praticamente garantir a existência de vida extraterreste. Quem nunca se questinou sobre a questão após fazer esses cálculos, que atire a primeira pedra!
E tem gente que diz que ir ao teatro é uma coisa chata...
Referência: http://www.observatorio.ufmg.br/pas08.htm
Dica de leitura: O Mundo Assombrado Pelos Demônios - A Ciência Vista como uma Vela no Escuro, de Carl Sagan.
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P.S.: Embora um pouco fora de contexto, vou deixar aqui o vídeo do Sagan sobre a Terra, que é bem legal. Afinal de contas, se é possível concluir que o universo é tão grande, é da mesma forma possível enxergar o quanto somos pequenos e insignificantes no cosmo.
Referência: http://www.observatorio.ufmg.br/pas08.htm
Dica de leitura: O Mundo Assombrado Pelos Demônios - A Ciência Vista como uma Vela no Escuro, de Carl Sagan.
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P.S.: Embora um pouco fora de contexto, vou deixar aqui o vídeo do Sagan sobre a Terra, que é bem legal. Afinal de contas, se é possível concluir que o universo é tão grande, é da mesma forma possível enxergar o quanto somos pequenos e insignificantes no cosmo.